quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Imprecisão ou redundância?

Oi!

Passei por um período difícil na faculdade, por todos os trabalhos de final de curso, etc. Por isso não pude manter as postagens em dia; mas, estou pensando em retomar o andamento deste blog com posts mais curtos, que não me exijam muito, mas ainda sim sejam interssantes para o público.

Durante o tempo de produção do TCC, fui corrigido por meu orientador várias vezes quando eu escrevia o pronome 'ele, ela' pra começar uma frase em que o assunto/sujeito ainda era o mesmo da frase de antes (ele me mandava trocar o 'ele' pelo sobrenome do autor). Será que esses pronomes estão ficando cada vez mais vazios? Será que algumas variantes da língua portuguesa (meu orientador é de São Paulo) estão cada vez exigindo mais o preenchimento de informação na frase? Pode ser que isso esteja acontecendo por causa do uso de 'ele, ela' depois do sujeito, fazendo uma separação entre "tópico" e "comentário":

- Frase simples (ou "imprecisa"?):
O menino foi buscar o cachorrinho no vizinho.

- Frase com mais preenchimento (ou "redundante"?):
O menino, ele foi buscar seu cachorrinho na casa de seu vizinho.

Até onde sei, esse uso do 'ele' nem é aceito na língua formal portuguesa. Nem existe um sinal de pontuação regulamentado, sendo usada aqui a vírgula em improviso. Pra mim, o grau de precisão parece ser diferente entre os vários sotaques pelo Brasil, podendo também estar ligado à vontade/capacidade do leitor de deduzir/pensar.
Bem, foi isso que eu pensei. Fica então aquela dúvida: mais redundância ou mais imprecisão? Nenhuma das duas tem uma conotação muito positiva...

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Pra que lado é o acento?

Oi,

Recebi um anúncio na caixinha do correio sobre uma nova lanchonete no bairro. O horário de atendimento estava escrito "das 18:30h ás 00:45h". Mas, espera um pouco. O acento não era pro outro lado? Pois é, como já falei no post Pra que acentuar? - Parte 2, a norma da língua portuguesa prescreve o emprego do acento grave nos casos de crase. Pra quem não lembra, vamos revisar:

A crase é a fusão de dois sons iguais de vogal seguidos. Não é o nome do acento.
Basicamente, acontece quando a preposição a se funde com a vogal a fraca, no início de aquilo, aquele, aquela, ou noutra palavra a que representa o artigo ou pronome relacionado com o gênero feminino (no Wikipédia e no dicionário Michaelis você pode achar mais informações sobre esse processo e em que casos o acento grave deve ser usado).
Em vários lugares, já vi placas, anúncios em estabelecimentos comerciais, sites e outros meios de escrita onde o acento grave não foi usado onde deveria, ou foi usado onde não precisava. Já vi tanto o uso do acento grave quanto do acento agudo nesse casos. Não só vi como tirei algumas fotos e fiz alguns recortes pra mostrar aqui.







Além da norma, eu gostaria de levantar alguns pontos aqui:
 
1. Nós temos o artigo a e a preposição a.
Na escrita e no som pode ser a mesma coisa, mas elas têm significados diferentes. A preposição pode ter sentido de "para, em (direção a), de, com, até". Tanto é que, na fala dos brasileiros, costumamos substituir essa preposição por outra mais clara sempre que possível. Veja os seguintes exemplos:

Vou à praia. -> Vou na praia.
Ao teu lado. -> Do teu lado.
Dá um passo à frente. -> Dá um passo pa frente.
Da quadra de tênis à de basquete. -> Da quadra de tênis até a de basquete.
Estamos à beira da calçada. -> Estamos na beira da calçada.
À tarde. -> De tarde
Peça ajuda aos colegas. -> Peça ajuda pos colegas.
Escreveu tudo a lápis. -> Escreveu tudo com lápis.
(Só pra constar: pa não é aceito na língua escrita, nem a forma pra, que eu estou usando neste post)

Em alguns casos, a falta do acento ou o uso de outra preposição criam ambiguidade:
Vou chegar às duas. -> Vou chegar nas duas. ??
O bebum cheirava (à/a) cachaça. ??
Vamos falar à parte. -> Vamos falar a parte. ??
Vamos jantar à francesa. -> Vamos jantar a francesa ...[ou] na (moda) francesa. ??

Esse pode ser um motivo por que nós estamos ficando cada vez menos familiarizados com a preposição a e sua versão acentuada.
Já em Portugal, pelo que tenho escutado em rádios portuguesas, tenho a impressão bem parcial que eles gostam mais de usar a preposição a (e também o verbo haver) do que nós.
 

2. No francês, a abordagem é interessante. Eles sempre usam o acento grave na preposição, porém para diferenciar de uma forma do verbo haver que acaba ficando a.
Não tem confusão: se é preposição, bota acento. Essa lógica do acento diferenciador já é usada por alguns aqui com a nossa preposição, mas lembre que ela não é aceita na norma da língua portuguesa.
 

3. No Brasil, o acento grave só é usado para a crase do a. Além disso, não existe uma palavra á que poderia entrar em conflito se o acento agudo fosse usado.
Bem, existe uma regra de força das palavras na ortografia portuguesa que propõe a distinção conteúdo/função nas palavras de uma só sílaba. Isso impediria o uso do acento agudo sobre a pois ela ainda é uma palavra de função.

Pra terminar, o que deu pra perceber é que quando escrevemos diferente por ignorância ou quando escolhemos escrever de outro jeito, estamos desrespeitando as normas da língua portuguesa. E é aqui que está o ponto chave dessa história toda: "língua portuguesa".
Enquanto pensarmos nossa língua como "portuguesa", sempre estaremos infringindo as normas (e não tiro a razão), mesmo que nós sejamos quase 200 milhões de falantes nativos e eles cerca de 10 milhões. A língua é deles. Mas quando nós declararmos que a nossa variante é a "língua brasileira" e não "português do Brasil" ou "português (Brasil)", daí vamos ter toda a liberdade de decidir o futuro dela, sem medo de usar uma ortografia mais eficiente pra nós ou aplicar inovações da linguagem popular. Essa independência poderia servir até para preservar a própria língua portuguesa, sem a necessidade de fazer nenhum "acordo ortográfico" (leia minha opinião aqui).

Tenha um bom fim de semana. Em té!

sábado, 20 de abril de 2013

O patinho belo

Boa noite,

Estou começando com uma série aqui pro blog que vai se chamar "O patinho belo". Quem sabe da história do patinho feio? Pois é, na verdade era um cisne, mas sua beleza só foi reconhecida perto dos semelhantes, outros cisnes.
O exercício que eu quero propor é pegar justo um "patinho belo", ou seja, uma palavra que nós consideramos como normal, correta, natural... e colocar do lado de palavras de mesma origem e signicado pelo menos parecido em línguas próximas, como espanhol, italiano, catalão, francês, e até algumas que pegaram também a palavra como empréstimo (mas nunca devolveram rsrsrs). Você vai se surpreender que nossas palavras podem parecer verdadeiras aberrações se comparadas com suas cunhadas noutros idiomas, exatamente como algumas formas populares da nossa língua são vistas quando comparadas com sua própria versão formal ou escrita. Para isso, vou usar principalmente o Online Etymology Dictionary e o Dicionário Michaelis de Português.

Vamos lá então, já! O patinho belo de hoje é BRANCO. É uma cor que combina com tudo, representa a paz, a cor do próprio cisne... Donde será que veio essa palavra tão suave ao ouvido?

Proto-germânico *blangkaz (brilhar, deslumbrar, ofuscar)
Nórdico Antigo blakkr; Inglês Antigo blanca (cavalo branco)
Alto-alemão Antigo blanc, blanch; Alemão blank (reluzente, brilhante)
Franco blank; Francês Antigo blanc (branco, reluzente)
Inglês blank (vazio, em branco)
Espanhol blanco 

Francês, Catalão blanc 
Italiano bianco
 
Você notou que em quase todas as versões, existe um B seguido de L e não de R?
De fato, várias palavras em português sofreram esse tipo de mudança do L pro R depois de consoante. Em alguns casos, línguas irmãs também acabaram tendo a palavra mudada (exemplos de outros patinhos belos do português: bilro, cravar, cumprir, dobra, frasco, obrigado, prata, prazer, rouxinol, soprar).
Parece estranho, mas as palavras acima podem ter sido consideradas feias em alguma época mais antiga, mas hoje são plenamente aceitas na fala e escrita formal, bem diferente do que acontece com palavras populares como probrema (problema), prasco (plástico), brusa (blusa), frexive (flexível), craro (claro), e outras. Esses são alguns dos patinhos feios que encontramos trilhando em fila pelo Brasil afora.
Em alguns sotaques, é difícil separar L de R, pois um compartilha o som com o outro, e os dois compartilham com U também. É interessante notar que, mesmo nos sotaques mais voltados pro R, o L ainda se preserva na posição inicial de palavra ou sílaba, que são menos afetadas por outros sons (ex.: bolo, goleiro, lápis, lua, orla), mostrando que possivelmente a gente ainda vai ter o som do nosso L por muito tempo, mas vai ser menos comum que hoje. Um ponto que pode contrariar essa evidência é outro patinho belo: lírio, e também uma mudança popular: cerular (celular). Sobre L e R em outras posições, vou deixar pra próxima ninhada.

É isso. Se quiser sugerir mais palavras ou mostrar algum ponto diferente, eu apreciaria sua contribuição. Até mais.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A abobra da enquete

Boa tarde,

Eu quase tinha esquecido. O prazo da enquete que coloquei no blog já acabou, e agora é a hora de comentar o resultado. Eu sei que meu blog é novo e ainda não é muito visitado, mas já agradeço aos que se dispuseram a clicar no botãozinho e deixar a opinião.


Todo mundo fez a lição de casa e não clicou em "escrevo abobra", talvez por medo de levar uma reguada na mão do professor de português. Achei até bem conservadoras as respostas, mas tudo bem: abóbora é a forma mais aceita na escrita portuguesa hoje em dia. No diminutivo, é aceito escrever e dizer abobrinha, sem o "o" do meio (processo fonológico que se chama "síncope", como acontece também em chácara - chacrinha). Mas você sabia que a própria forma abobra é também indicada em dicionários? Basta olhar em Michaelis, Dicio.com.br (mesma referência), Lexico.pt, iDicionário Aulete, Babylon.
Aparece nos dois primeiros uma referência do escritor Amadeu de Queirós (ou Queiroz?): "Vamos empaiolar milho e abobra".

O que eu queria trazer pra você é que na situação atual do português, algumas reduções, como a da palavra da enquete, não são muito aceitas na escrita e mesmo na fala mais cuidadosa. Porém, muitas outras palavras que temos hoje como "oficiais" são resultado desse mesmo processo de síncope da vogal do meio. Pense em letra: o adjetivo correspondente é literal. O que aconteceu? Por que elas são um pouco diferentes? Bem, no latim, língua ancestral do português, o substantivo era LITERA (lítera), mas ao longo da história, perdeu o E do meio e depois o I baixou pra E.
Hoje você não sente nenhuma vergonha de falar a palavra "letra", mas quanto a "abobra", shhh, os outros podem pensar que sou jeca ou ignorante.
Então somos todos jecas e ignorantes!, se olharmos pelo ponto de vista da língua formal latina. Daí você pode pensar: quanto mais reduzida a palavra, mais jeca. A língua francesa não seria, portanto, "très chic", mas a mais jeca das línguas românicas. Linguistas, ao contrário, usam o termo "inovadora" para a língua que sofre mais modificações em relação à língua ancestral (no caso do francês, também é o latim). Vamos ver o seguinte exemplo:

Latim: VITA CAPSULA ADMIRATIONIS PLENA EST.
Português: A vida é uma caixinha cheia de surpresas.
Francês: La vie est une petite boîte pleine de surprises.

Pensando bem, o francês tem  algumas palavras mais próximas do latim. Mas não se iluda: na fala, as mudanças são bem mais avançadas. Isso é porque a língua francesa adota um sistema de escrita mais baseado na etimologia das palavras do que na pronúncia, além de outros traços próprios da língua, como a pronúncia da consoante final só se for seguida de vogal.
De um lado, compare LT VITA, PT vida, FR vie. Agora, compare LT PLENA, FR pleine, PT cheia. Se pode dizer que em VITA, o francês é mais inovador, mas em PLENA, o português é mais.

Ok, a gente só se dá conta do que é especial na nossa língua quando começamos a olhar de fora, através da comparação com outros idiomas parecidos, e mais ainda com idiomas bem diferentes.
A partir dessa lógica, vou iniciar a série de posts "O patinho belo", que vai mostrar o quão "feia" uma palavra pode ser se botada ao lado das palavras relacionadas em línguas próximas, como francês, italiano, espanhol, e outras... pra que possamos confrontar um pouco essa ideia da palavra errada.

Té mais em tão.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Compartilhar - Parte 2

Então,

Foi muito bom o estudo. Expliquei mais ou menos na ordem que tá no post anterior, e os jovens participaram se mostrando atentos e respondendo as perguntas que eu fazia.
Um dos que estavam no estudo apontou, na passagem sobre a primeira multiplicação, que Jesus compartilhou não só o alimento, mas primeiro compartilhou um problema com Filipe: a insuficiência de alimento diante da grande demanda. No final, pedi para cada um se apresentar e quem quisesse podia compartilhar algo da sua vida para orarmos.
Depois do estudo, tivemos cachorro quente de janta, e todos compartilharam os contatos de email e facebook pra fortalecer o grupo.


Compartilhar é uma ação que temos sempre que trabalhar, pois às vezes temos vergonha, falta de costume ou medo de estarmos errados no que dissemos. Só que no compartilhar é que aprendemos, ouvimos sugestões e até posicionamentos contrários, fazendo nossa mente refletir, aumentando a fé e a comunhão.
Espero que isso tenha servido pra mim, para aqueles que ouviram a mensagem, e pra todos que estão lendo agora os posts.

Até mais.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Compartilhar - Parte 1

Olá a todos,

Sou cristão e fui incumbido de fazer um estudo bíblico lá em casa para os jovens da igreja antes da Páscoa. Orei e refleti sobre qual assunto eu poderia levar pra eles. Me veio então a palavra "compartilhar", que tem sido popularizada ultimamente pela internet, principalmente no facebook. Decidi então criar este post pra organizar as ideias que vamos trabalhar no estudo.

Mas o que é mesmo compartilhar? (Aqui vai ter um tempo pra ouvir as respostas)

Pensando primeiro na palavra em si, podemos "picotar" pra entender cada parte:


 
Dá pra entender que é uma ação em que, além de nós mesmos, outros são beneficiados. Depois das partes isoladas, o significado geral do verbo indica que é preciso ter algo pra compartilhar primeiro. Não posso compartilhar o que não tenho ou o que não recebi primeiro, certo? Mas que tipo de coisa se pode compartilhar? O que será que acontece com o objeto compartilhado? (Mais um tempinho de conversa aqui)
Em alguns casos, o objeto vai se perdendo, como uma barra de chocolate, por exemplo. Você dá um pedaço pra outra pessoa e comem juntos. Cada um comeu menos que uma pessoa sozinha, mas a ação de comer chocolate foi estendida pra mais de uma pessoa, aumentando o sentido social, de comunidade.

Em outros casos, na verdade o objeto nem é "partido". Pense numa história ou informação: você conta pra outra pessoa e os dois ficam sabendo a mesma quantidade de informação que só um sabia antes. Nesse sentido, o ato de compartilhar é multiplicador.

Na bíblia, no antigo testamento, aparece muitas vezes a ideia de "repartir", principalmente por causa da divisão da terra de Canaã que os descendentes de Jacó estavam recebendo pela promessa de Deus. (Números 34:17-18; Josué 14:1, 19:49-51; Isaías 58:7; Daniel 11:39). Já em 2o Crônicas 31:14-19 aparece "distribuir". Nos dois termos existe a ideia de divisão, como no exemplo da barra de chocolate.

Já no novo testamento, Jesus veio pra mostrar que compartilhar é uma ideia tão efetiva que ele mesmo compartilhou 5 pães e 2 peixes com 5.000 homens, mais mulheres e crianças! Não é que cada um deles comeu menos que 0,0014 de pão ou peixe, mas o alimento foi multiplicado, assim como um post da internet que a gente vai encaminhando pros amigos.
O texto pode ser encontrado em Mateus 14:13-21, Marcos 6:30-44, Lucas 9:10-17 e João 6:1-15. Vamos conferir o último deles:
 
1. Algum tempo depois, Jesus partiu para a outra margem do mar da Galileia (ou seja, do mar de Tiberíades),
2. e grande multidão continuava a segui-lo, porque vira os sinais milagrosos que ele tinha realizado nos doentes.
3. Então Jesus subiu ao monte e sentou-se com os seus discípulos.
4. Estava próxima a festa judaica da Páscoa.

5. Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que se aproximava, Jesus disse a Filipe: "Onde compraremos pão para esse povo comer?"
6. Fez essa pergunta apenas para pô-lo em prova, pois já tinha em mente o que ia fazer.
7. Filipe respondeu: "Duzentos denários não comprariam pão suficiente para que cada um recebesse um pedaço!"
8. Outro discípulo, André, irmão de Simão Pedro, tomou a palavra:
9. "Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é isto para tanta gente?"

10. Disse Jesus: "Mandem o povo assentar-se". Havia muita grama naquele lugar, e todos se assentaram. Eram cerca de cinco mil homens.
11. Então Jesus tomou os pães, deu graças e os repartiu entre os que estavam assentados, tanto quanto queriam; e fez o mesmo com os peixes.
12. Depois que todos receberam o suficiente para comer, disse aos seus discípulos: "Ajuntem os pedaços que sobraram. Que nada seja desperdiçado".
13. Então eles os ajuntaram e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de cevada deixados por aqueles que tinham comido.
14. Depois de ver o sinal milagroso que Jesus tinha realizado, o povo começou a dizer: "Sem dúvida este é o profeta que devida vir ao mundo".
15. Sabendo Jesus que pretendiam proclamá-lo rei à força, retirou-se novamente sozinho para o monte.

(Bíblia Sagrada, João 6:1-15, Nova Versão Internacional)

 
Jesus não fez esse milagre só uma vez, mas 2x ! (leia em Mateus 15:29-39 e Marcos 8:1-10). Se com comida, que é algo perecível e que se perde na divisão, ele conseguiu alimentar tanta gente, até onde se pode chegar com a sua mensagem!

Depois que Jesus morreu e ressurgiu, ele reuniu os onze discípulos pra dar uma missão muito importante:
 
16. Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes indicara.
17. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.
18. Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra.
19. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
20. Ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos".

(Bíblia Sagrada, Mateus 28:16-20, Nova Versão Internacional)

Assim surgiu a igreja de Cristo aqui na terra: um grupo comprometido com a missão deixada pelo mestre, compartilhando as obras dele, o amor e a promessa de uma vida sem dor e sem fim perto do Pai.
Uma marca dos Cristãos na época depois da ascensão de Jesus foi a comunhão. Veja no trecho a seguir, em Atos 2:42-47:

42. Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações.
43. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos.
44. Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum.
45. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade.
46. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração,
47. Louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos.
(Bíblia Sagrada, Atos 2:42-47, Nova Versão Internacional)

Bem, a poderosa mensagem de Cristo chegou até nós através do compartilhamento, desde a igreja primitiva até o nosso século, e essa também é nossa missão: continuar a compartilhar essa mensagem até o dia que ele nos buscar.

Você notou que nos textos aparecem palavras relacionadas com "compartilhar": partir, ter em comum, distribuir, participar. Que outras palavras podem ser relacionadas? Escreva a palavra e coloque um versículo bíblico que tenha ela e que você se identifique.

Vou fazer um post depois sobre como foi o estudo, com algumas fotos também.
Até mais e um ótimo feriado!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Pacote de posts - Fevereiro 2013

Olá,

Hoje, ofereço alguns posts que fiz em fevereiro. Tem menos que em janeiro, mas tão bem bacanas também. Fique de boa pra ler qualquer um deles e também compartilhar suas experiências.

Pra que acentuar? - Parte 1 
Pra que acentuar? - Parte 2 
Utilidade e limitações do mundo digital são tópicos desses 2 posts.

Maciota, supinta, xongas! 
Uma descontração com uma matéria do Mais Você.

Minhas amigas e meus amigos 
Você já percebu como a gente lida com os gêneros na nossa língua? Dilma mostra.

7 traços da fala que não fazem diferença
Dicas pra quem frequenta qualquer curso de idioma. Você vai pensar diferente.

É isso. Desde já agradeço a atenção.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Yara

Hoje, 22 de março, é o dia mundial da água.

Tirado de: www.grupoescolar.com via Google Images
Esse elemento não pode faltar na nossa vida e, desde muito tempo, é presente na imaginação dos povos. Na mitologia, a água é morada dos seres mais assustadores, como o Kraken dos vikings, ou misteriosos, como as sereias, também conhecidas como sirenes ou ninfas das águas. Entre os tupi no Brasil, as sereias apareceram numa figura individual, chamada Yîara, que quer dizer "senhora das águas" (y "água,rio" + îara "senhor(a)"). Vivia nos lagos cantando uma melodia irresistível aos homens, que, cegados pela beleza dela, eram arrebatados para as profundezas, sem jamais serem vistos novamente.

Bem, o idioma tupi é um poço de onde tiramos à balde muitos nomes de lugares (Ipiranga, Itu, Maceió, Maracanã, Parati, Piauí, Paraná, Tocantins), animais, frutas e plantas (arara, caatinga, capim, capivara, jacaré, maracujá, tatu) e outros (cuia, cupim - no sentido de "costas", guri, mirim, oca, sapeca). Fico imaginando se a gente poderia beber mais um pouco dessa fonte, usando palavras curtas no lugar de algumas grandes, tornando nosso jeito de falar mais único...
 
Mas antes, devo dizer que a grande maioria das línguas indígenas no Brasil usam uma vogal especial, escrita com Y: é pronunciada com os lábios relaxados, como I, só que mais pra trás, próximo a U. Experimente essa pronúncia. Tenho encontrado na internet algumas palavrinhas interessantes:

à - espírito, sombra, fantasma (poderíamos usar no lugar de 'espírito')
Güirá - pássaro
Kaa - floresta, árvore, planta (substituir 'floresta')
Kui - farinha
Nhe - falar (substituir 'língua' como idioma e deixar 'língua' só pra parte do corpo. Já ouviu a expressão "chega de nhenhenhê?")
Jub - Amarelo
Nhu - campo (usar só no sentido de pasto, prado, mas não ramo da ciência)
Piranga - vermelho
Oby - verde/azul (não existia distinção. O verde-azulado ou azul-esverdeado poderia
ter um nome único)
(P/M)itá - Calcanhar
Quá - buraco
Roi (R como em 'arara') - frio (usar como 'inverno' talvez)
Taba - cidade (substituir 'município', cidade média ou pequena, contrastando com
'cidade')
Tin - Nariz, bico, extremidade (será que é por isso que falamos "bico da mesa"?)
Tinga - branco (agora você entende "caatinga"?)
Soó - carne de animal (alterar pra 'zô' e usar como 'animal')
Sy - mãe, origem (como já temos 'mãe', eu proporia de usarmos para substituir a palavra 'natureza')
Ú - comer (usar no lugar de 'comida')
Una - preto
Y - água, rio (substituir 'rio'. Na verdade, foi substituído por I ou U na ortografia portuguesa pois essa vogal não tinha no nosso inventório, mas poderíamos aprender e restaurar muitos nomes de lugares que terminam em Y, como Itajaý, Paraty, Y Piranga)
Ybá - Árvore (poderia ser usada como planta em geral)
Ýby - terra (Poderia ser o nome do planeta, ou 'solo' em geral)
Yru - cesta (menos uma palavra pra confusão 'sesta, sexta, cesta')

Eu escolhi mostrar algumas palavras mais curtas porque a maioria das palavras maiores são um aglomerado de palavras curtas. Pra demonstrar, a expressão "dia da água" pode ser montada como y+ara, assim como fiz no título desse post.
O que você achou disso tudo? Inspirador? Quer me jogar um balde de água fria? Comente.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Palavrachave

Olátodomundo,

Nesses últimos dias eu tive analisando várias palavras do português. Percebi que muitas delas são derivadas não só do latim, mas também do grego, e que, ao olhar num dicionário etimológico, em geral as palavras são originadas de um significado simples, com algum elemento gramatical junto (uma partícula com alguma função na língua original).

Creio que muitos termos complicados e de uso técnico que temos hoje já foram palavras bem simples do dia-a-dia dos gregos (ou ainda são: não conheço a língua grega pra afirmar). O que eu quero dizer por simples é que cada pedacinho da palavra tem um conteúdo ou uma função pra eles, e que nós, quando tomamos emprestada alguma dessas palavras, simplesmente pegamos ela por inteiro, sem saber das partes funcionais que estão vinculadas.

Um exemplo é a palavra "zodíaco". Segundo o Online Etymology Dictionary, ela veio da expressão em grego zodiakos kyklos "ciclo dos animaizinhos", formado por zoion "animal" > zodiaion "animalzinho" > zodiakos "do animalzinho", mais a palavra kyklos "ciclo" (alguns podem ter ficado desapontados com a série Cavaleiros do "do animalzinho"). Agora, compare a relação do final grego -ikos com o nosso pronome "de": mito, mítico (de mito); prática (de praxe "ação, prática"), música (das Musas), pneumático (de vento/sopro), e outros.
Assim, é até possível dizer que quando usamos vocabulário muito técnico ou formal, estamos "falando grego" ou "falando latim", quase escondendo o significado das palavras. Faça o teste: procure saber o que "séptico", essa palavra tão sofisticada e proparoxítona, quer dizer...

Isso tudo tem a ver com o estilo que uma língua adota, ou em termos mais formais (do grego!), sua tipologia. Quanto à formação das palavras e frases (morfologia), uma língua pode ser:
Analítica - Em vez de uma palavra grande, se usa várias palavras curtas separadas, umas representando uma imagem ou ideia, outras especificando o conteúdo ou indicando a função da palavra principal na frase. Em línguas analíticas (também chamadas línguas isolantes), a ordem das palavras na frase é muito importante. Um exemplo é o mandarim. O inglês também está aos poucos se tornando mais analítico, mas a escrita formal costuma não adotar as inovações muito depressa.
Sintética - Informações adicionais sobre o significado primário são coladas na própria palavra, como indicação de gênero, número e caso, ou relação com outra palavra. Nessa categoria, se cada parte tiver uma função única, é chamada língua aglutinante ou aglutinativa, como é o caso do turco, coreano e também do nosso tupi (lembra da cidade Itaquaquecetuba? Quer dizer "ajuntamento de taquaras-faca" ou "lugar onde as facas são feitas de bambu/taquara", pela junção de takûara + kesé "faca" + tyba "ajuntamento").
Se as partes podem ter mais de uma função ao mesmo tempo, a língua é chamada flexiva ou fusional, como é o caso do latim, com todas as declinações em nomes e as conjugações em verbos. Alguns idiomas grudam uma frase inteira numa única palavra: são as línguas polissintéticas, como o groenlandês.
Claro que a grande maioria dos idiomas não são puramente de um tipo ou de outro, e também eles podem mudar ao longo da história. O português está entre as línguas sintéticas, mais pro lado fusional. O grego também.

Quais as vantagens e desvantagens desses tipos?
Vou botar aqui algumas considerações que tenho aprendido:
- As línguas analíticas têm mais palavras, curtas e fáceis de enxergar; as sintéticas têm menos palavras, grandes.
- Nos dois tipos, a fixação da ordem das palavras pode reduzir a quantidade de palavras funcionais.
- No tipo analítico, é exigido mais do raciocínio pra ficar reinterpretando a frase enquanto ela vai sendo formada.
- No tipo sintético, as indicações gramaticais já vão dando uma direção pra linha de pensamento antes da frase terminar.
- Mudanças na pronúncia ao longo do tempo afetam menos as línguas analíticas, mesmo em palavras de função.


Sobre vocabulário, parece haver uma tendência que precisa existir um termo, ou palavra única, pra definir cada coisa. Por isso coloquei o título desse blog junto: palavrachave "consta" aparentemente como um termo novo, que poderia entrar no dicionário ao lado de palavra e de chave. Com o tempo, de tanto usá-la, ela poderia se reduzir a palvachav, depois povachá. Esse aglomero nem é novidade em português (confira no post Vê o meu lado a origem de "freguês").
Por um lado, é bom ter novas palavras curtas que possam ser usadas bastante, mas na maioria das vezes, é só mais um termo pro dicionário ficar mais cheio e pra gente ter que memorizar (uma saída é substituir por uma palavra conhecida: palavrachave > termo). Continuando, em vez de usar "descontroladamente", poderíamos trocar por "sem controle". Em vez de precisarmos aprender a palavra grega "hidrofobia", poderíamos usar simplesmente "medo d'água" e também usar "ele tem medo d'água" em vez de "ele é hidrofóbico". Viu quanta palavra já economizamos?
No tupi, por ter menos palavras únicas pra conceitos diferentes, é comum juntar duas ou mais palavras pra formar uma nova: arasy é uma palavra formada de ara "dia" + sy "mãe, origem". Na nossa língua, não é preciso usar duas palavras, pois já temos "sol", e também não trocaríamos uma palavra simples por duas ou três: "mãe do dia". Ao contrário das palavras gigantes, querer simplificar e separar demais pode ser tão prejudicial quanto juntar palavras.

Até aqui, estou com mais dúvidas que respostas sobre como melhorar o vocabulário pra colocar na minha língua construída, porque não sei direito qual vai ser a consequência de usar mais um tipo ou outro. O que eu sei é que "precisávamos" já está sendo rearranjado como "nós precisava" na língua falada. Caberia ainda falar do "héchitégue" nesse post, mas vou deixar pra próxima.

Enquanto isso, vou textando e testando...

quinta-feira, 7 de março de 2013

Vê o meu lado

Boa tarde,

No momento estou ocupado trabalhando no meu TCC do curso de música e também no vocabulário brasileiro  através da pesquisa da origem das palavras em português. Cada vez que vou garimpando entre as muitas palavras do nosso idioma, vou descobrindo muita criatividade na evolução das palavras e consigo perceber relações que se escondem atrás de uma letrinha diferente aqui, outra ali... Fico muito tentado a retraduzir tudo para uma linguagem bem acessível, mas não posso exagerar.

Ó uma criativa aqui: freguês. No dicionário Michaelis consta que vem do latim FILIV ECCLESIAE, que seria algo como "filho da igreja".

A palavra latina MACVLA deu origem a mágoa, malha e mancha, e ainda não satisfeitos, pegamos emprestado a palavra original mácula mais uma vez!

A descoberta mais recente foi quando eu estava separando os 're-' de algumas palavras e achei relato. Fiquei pensando se tinha alguma palavra já relacionada com lato. O dicionário me deu duas opções: lado e lato. Quando fui ver, realmente lado vem de LATV (esse é o motivo por que temos hoje lateral e não laderal). Agora faz sentido pra mim quando alguém diz: precisamos ouvir também o lado dele (que é então um "re lado" quando ele começa a contar de novo a história, mas agora na versão, ou "lado", dele).

Bem, espero que tenha curtido essas curiosidades. Se você já se surpreendeu quando descobriu o significado ou origem de uma palavra, compartilhe essa experiência aqui no blog.

Até mais.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Pacote de posts - Janeiro 2013

Boa sexta-feira!

O blog tá de capa nova! (obrigado Gabriel Garavello).
Hoje não tenho um novo conteúdo propriamente dito, mas fico feliz em sugerir a leitura de alguns posts que produzi no primeiro mês do blog, pra que eles não fiquem esquecidos lá no botãozinho do arquivo de posts. Escolha um ou mais pra ler e sinta-se à vontade pra comentar e compartilhar suas experiências também!

Sobre o que acabei encontrando quando procurei o termo no Google.

Comparações e sugestões dos finais -ndo e -nte, com exemplo na minissérie da Globo.

Depois de ler este post, reflita sobre como algumas palavras chegaram a ser certas hoje.

Como as traduções em jogos estão trazendo de volta formas antigas de escrever.

Expressões vão sendo comidas e novas palavras vão entrando nessa boca nervosa.

Você sabia que se pode inventar uma língua? Mais informações e uma brincadeira aqui.

Gostaria muito que você lesse esse post. É um assunto cada vez mais inevitável.

Não basta só ler o post. Contemple a beleza dos escritos nos links após o texto.

Esse é um ponto que pode até causar a divisão de uma nação.

Tem esse post falando da graça que ela tem!

Ou seria "shhhhhhhh"? Veja como o som do nosso CH é tratado em algumas línguas.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

7 traços da fala que não fazem diferença

Bom dia,

Meme com cara de tacho
(puxado de images.google.com)
Imagine que você tá numa classe de idiomas. O professor começa a aula e pede para você traduzir a palavra que ele vai dizer. Você traduz normalmente, mas ele responde: "Não. Não é ... . É ..." e você fica com aquela cara: "...mas não foi isso que eu acabei de dizer?"

Você já passou por essa situação? O nosso ouvido está acostumado a diferenciar certos tipos de sons e ignorar outros, de acordo com o significado que eles podem ter na nossa língua materna. Quando começamos a aprender um novo idioma, muitas vezes não percebemos que é um sistema diferente de sons, de letras, de forma de pensar. Algumas coisas não fazem diferença no nosso ouvido simplesmente porque até agora ele não precisou diferenciar.

No casos dos brasileiros, aqui estão alguns traços da fala que nós normalmente não diferenciamos:

1. Comprimento da vogal
Em algumas línguas, como finlandês e latim, e em menor escala em alemão e inglês, a duração de tempo para produzir um som de vogal faz com que elas possam significar coisas diferentes. É como falar a vogal duas vezes, sendo geralmente a primeira mais acentuada. Em inglês, sheep "shíip" /'ʃiːp/ e ship /'ʃɪp/ se diferenciam pela duração da vogal, mas também pelo segundo ter som mais parecido com o nosso Ê (mas não chega a ser igual).

2. Comprimento da consoante
Essa é principalmente para os estudantes de italiano. Sabe aquelas letras duplas que vários brasileiros têm no seu sobrenome (se for de origem italiana)? Em italiano, a pronúncia é como duas consoantes seguidas, mas a primeira fica "trancada" antes de sair a próxima (parecido como quando dizemos "celular" rápido: os dois L ficam grudados). Como exemplo, compare pala /'pala/ ("pá") e palla /'pal.la/ ("bola").

3. Aspiração
Alemão e coreano, entre outros idiomas, dintinguem entre a consoante simples e a que tem como um "sopro" junto, como um H inglês saindo logo depois que a consoante é falada. Assim, nosso P pode ser percebido como um B para eles por faltar esse sopro extra, e no sentido oposto, o B deles pode parecer um P pra nós, especialmente no início da palavra ou no final, pois nesses idiomas, é mais fácil diferenciar P'HÊ de PÊ do que PÊ e BÊ.

4. Consoante no final da palavra
Isso não acontece com todas, mas principalmente com som de P, T e K e também com B, D e G porque elas são raras no final de palavras em português. Não sabemos direito como lidar com elas: às vezes sai um som de "i" no final junto se pensamos que a palavra está em inglês, ou simplesmente cortamos se achamos que é uma palavra francesa, ou ainda nos inclinamos para uma das duas formas independente do idioma. Assim, é possível ouvir a palavra em inglês card falada aqui como "cárdi" ou "car". Na minha opinião, seria mais fácil pra alguém entender você se sobrar pronúncia do que se faltar letra no final.

5. Som de S ou Z na posição final
Pra nós, não faz diferença falar "lessma" ou "lezzma", exceto que a primeira versão fica forçada. Entre "passto" ou "pazzto", soa mais natural o primeiro. Isso acontece porque a "voz" so som (experimente fazer SSSSSSS e depois ZZZZZZ: só com o segundo você pode  cantar uma melodia junto) se adapta pra voz da consoante que vai depois: M tem "voz", mas T não. Em inglês, close "clouzz" /kloʊz/ quer dizer "fechar", mas close "clouss" /kloʊs/ quer dizer "perto". Brasileiros são logo reconhecidos por falantes nativos do inglês ao dizer small como "izzmóu" em vez de "ssmóull". A tudo isso ainda se acrescenta as (não-)diferenças entre S e Z nos sotaques do Brasil.

6. Som de M ou N na posição final
Parecido com o ponto de antes, não faz diferença pra nós se a palavra "campo" estiver escrita como "canpo", pois o resultado na pronúncia é só um A mais nasal. Em francês, isso acontece bastante também, mas não em línguas como inglês e espanhol, onde os M e N finais aparecem bem, ainda mais quando a próxima palavra começa com vogal. Para um estrangeiro que diferencia M e N no final da palavra, parece que nós estamos sempre usando um som de NG final do inglês, ou eles nem ouvem no caso de não conseguirem diferenciar nossas vogais nasais das outras (experimente perguntar pra um americano se ele diferencia "com licença" de "co licêça").

7. Tom nas sílabas
Línguas asiáticas, como o mandarim, e muitas africanas, entre outras, diferenciam padrões de entonação nas sílabas de uma palavra, que podem significar palavras totalmente diferentes apenas pelo tom usado. Isso é bem diferente do nosso tipo de entonação em frases para diferenciar uma pergunta de uma afirmação. Em sueco, você pode usar a palavra anden para dizer "o pato" se o tom da primeira sílaba for mais alto que a da segunda ([ˈa᷇ndɛ̀n]), ou para dizer "o espírito" se o tom da segunda for mais alto que a da primeira ([ˈa᷆ndɛ̂n]). Note que a sílaba tônica é a primeira nos dois casos.

Espero ter ajudado você a pensar um pouco sobre a percepção no aprendizado de outras línguas. Ainda poderiam ser listados outros traços que são distintivos apenas em parte. Se você já teve dificuldade em diferenciar alguma palavra em outra língua ou começou a percebê-las a partir deste blog, compartilhe sua experiência com a gente.

Atenciosamente.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Mudanças no blog

Oi pessoal,

Na medida que estou aumentando minha página sobre a língua braziliã (ver acima), estou sentindo mais necessidade de criar um blog separado pra poder postar e organizar melhor pequenas partes individualmente, como gramática, vocabulário, e mais. Ainda vou poder vincular tópicos desse blog com o outro, como blogs irmãos, deixando esse com foco mais participativo e o outro mais explicativo.

Pois é, vou pensar mais um pouco sobre isso. Se quiserem dar alguma sugestão, podem comentar nesse post :)

Obrigado pela atenção, tchau.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Minhas amigas e meus amigos

Olá leitor(a) do blog Karta Sosial,

O post de hoje vai tratar dos gêneros. Pra começar, sugiro que você assista este vídeo do pronunciamento que nossa presidenta fez em setembro sobre a redução das tarifas para 2013. Repare em como ela se dirige aos ouvintes e repare também em outros detalhes de gênero através do discurso.


A língua portuguesa, assim como outras derivadas do latim, tem distinção entre gênero masculino e feminino. Esse gênero não faz referência apenas ao sexo biológico, mas também ajuda a distinguir palavras num nível puramente gramatical, como o corte e a corte.
Assim como o sistema de gêneros oferece vantagens, ele também sofre com algumas incapacidades:
- Inclusão dos dois gêneros de forma equilibrada no plural.
- Referências com gênero indefinido ou que se aplica tanto ao masculino como feminino.
- Referências a seres com sexo biológico não perceptível ou inexistente, como muitos animais, seres infantis e divinos.
Sobra para o gênero masculino abarcar algumas dessas funções ou então se toma alguma solução diferente para tentar amenizar o problema.

Como visto no vídeo, uma solução para a inclusão dos gêneros é sempre falar duas vezes a mesma coisa, uma no feminino e outra no masculino (ou vice-versa): minhas amigas e meus amigos... Os pontos negativos aqui é que aumenta a quantidade de palavras e ainda pessoas podem reclamar da ordem em que elas aparecem.

Outra solução, até bem padronizada no Brasil em documentos, é colocar entre parênteses o final feminino junto com a palavra no masculino: o(a)s instrutore(a)s do(a)s aluno(a)s... Não deixa de ser estranho, pois subordina o feminino no masculino, além de "sujar" o texto com tantos parênteses. Existe ainda aquele velho problema dos anúncios de emprego, onde o empregador não quer especificar o gênero, mas é obrigado a fazer isso por falta de opção, às vezes fazendo prejuízo das classes de trabalho: precisa-se de operador de caixa (nenhuma mulher poderia se oferecer como candidata a este serviço?); Estamos recrutando costureiras (um homem seria incapaz de realizar a mesma função?).

Há uma tendência moderna entre pessoas que defendem a igualdade de gêneros em usar símbolos especiais (com pronúncias diferentes também) no lugar dos finais tradicionais: @ (entre -o e -a, com pronúncia fraca de "ó" /ɔ/) e também æ (entre -a e -e, com pronúncia de "é" /ɛ/). Assim, se usa frases como @s instrutoræs d@s alun@s... Apesar de ser mais igualitária, eu acho essa solução particularmente feia, tanto do ponto de vista da tipologia, quanto da dificuldade da pronúncia aberta fraca, e do próprio símbolo @ que ainda prioriza o "a" no centro e conflita com códigos de computador, como emailsAinda assim, fico feliz que tem gente preocupada em tornar o discurso mais justo no tratamento das pessoas, sem perder as vantagens do sistema de gêneros e a identidade que traz pro nosso idioma.

Ao invés de incluir, outros idiomas têm preferido através da história excluir seu sistema de gêneros em favor de um discurso mais neutro. É o caso do inglês, onde apenas alguns pronomes devem indicar o gênero biológico (he, she, it), e apenas algumas palavras têm formas diferentes entre feminino e masculino (man/woman, rooster/hem, ox/cow, actor/actress, policeman/policewoman, entre outras). Até mesmo nesses casos, atualmente se tem esforços para substituí-las por termos comuns, como o they singular e o police officer.

Agora vou mostrar a minha proposta inclusiva. Já estou usando na língua que estou construíndo para os brasileiros (se quiser, pode dar uma olhada em Braziliaŋ), mas caso as pessoas não o aceitem por completo, pelo menos incorporar o seu sistema de gêneros no português já seria um alívio, perto da iminente "ruína tipográfica politicamente correta" do nosso século.
Como já temos o final -o relacionado com o masculino e -a com o feminino, por que não designar -e para um novo gênero que possa servir tanto como um gênero indefinido no singular, como um gênro comum ou inclusivo no plural? Parece estranho? Então compare a simplicidade que este terceiro gênero traz às frases:

PT-Br com 2 gêneros: Brasileiras e brasileiros, minhas amigas e meus amigos...
PT-Br com 3 gêneros: Brasileires, mins amigues...
Braziliaŋ (BZ): Brazileri, miŋs amigi...

PT-Br com 2 gêneros: O(a)s instrutore(a)s do(a)s aluno(a)s...
PT-Br com 2 gêneros: @s instrutoræs d@s alun@s...
PT-Br com 3 gêneros: Es instrutores des alunes... (o masculino seria instrutoros)
BZ: Es iŋstruedori des aluni...

PT-Br com 2 gêneros: Procura-se cozinheiro (como está hoje, não fica explícito se o empregador aceita mulheres)
PT-Br com 3 gêneros: Procura-se cozinheire (se aplica tanto ao masculino quanto ao feminino. Se aparecesse procura-se cozinheiro, já se saberia que se trata de um cargo apenas para homens naquele momento)
BZ: Si prokura koziŋeri

Se você conhece alguém que defenda a igualdade de gêneros, mas usa aqueles símbolos estranhos na falta de opção melhor, convide "ilo" (ele ou ela) para ler meu blog e comentar. Você mesmo pode colocar seus sentimentos e ideias sobre isso aqui.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Maciota, supinta, xongas!

Hoje eu tava tomando café, vendo o programa da Ana Maria Braga, e passou essa reportagem sobre palavras que não são mais usadas (ou um sentido delas). Assista esse divertido vídeo no link: Mais você - 13/02/2013 - Maciota, supinta, xongas! Será que alguém ainda usa essas palavras?

Não sei se é porque eu estou ficando velho, mas algumas das palavras eu reconheci, como maciota, coqueluche, pinóia e dedéu. Só que você, depois de ver o mesmo vídeo, pode ter reconhecido outras que eu não consegui. Acredito que o uso vai mudando, mas não em todas as regiões do Brasil ao mesmo tempo. Pode ser que algumas já sumiram onde foi feita a reportagem mas ainda são populares em outra parte do país (mesmo na reportagem, alguns acertaram o significado, mostrando que, usadas ou não, elas ainda são lembradas - pelo menos por enquanto).

O post de hoje foi mais pra descontrair, mas tambem quero porpor: participe colocando nos comentários as palavras que você lembrou, e também aquelas que não apareceram e que você também não ouve mais falar hoje em dia. Vou "carpir o côco"!

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Pra que acentuar? - Parte 2

...Continando.

No tópico de antes eu não cheguei a falar muito sobre a utilidade do acento.
Ele pode ser usado para indicar com mais precisão a qualidade de som de uma letra, marcar a sílaba mais forte de uma palavra, diferenciar entre duas palavras curtas, indicar o tom da sílaba (em transcrições do escrito chinês para o alfabeto latino) e às vezes até para indicar a própria existência de uma vogal específica ou a falta de vogal em escritos onde as vogais são omitidas (por exemplo, árabe e hebreu).

E em português, como funciona?
O acento marca ao mesmo tempo a sílaba mais forte e a qualidade da vogal. Temos dois acentos principais que definem altura e acento silábico: o acento agudo (´), que indica a pronúncia mais aberta em E, A, O (representando em AFI, é = /ɛ/, á = /a/, ó = /ɔ/), e o acento circunflexo (^), famoso "chapeuzinho", indicando a pronúncia mais fechada em E, A, O (ê = /e/, â = /ə/, ô = /o/). Note que I e U só recebem acento agudo, pois não têm qualidade vocal alternativa. Assim, para marcar uma sílaba mais forte numa posição não habitual, é preciso também escolher o acento para indicar a pronúncia da vogal. Por isso é que no Brasil escrevemos prêmio e em Portugal se escreve prémio (se bem que no Rio está crescendo uma tendência de pronúncia igual à que já existe em Portugal).
Pode ser dito que, onde a sílaba forte já está numa posição normal, o acento marca apenas a qualidade da vogal. Isso era mais comum antes das últimas reformas ortográficas: êle, rêde, côro, pára, mas tem se tornado cada vez menos necessário, pois em várias palavras a altura (pronúncia com a boca mais aberta ou mais fechada) é variável. Veja: gosto (ô, nome), gosto (ó, verbo), tomate (ó, ô ou ú, dependendo do sotaque).

Saindo um pouco do oficial, além de eu já ter visto na internet comentários escritos sem nenhum acento, vi também pessoas usando o acento apenas para marcar qualidade de vogal, sendo que em alguns casos a sílaba mais forte deveria ser em outra que não está acentuada, causando confusão. Outro caso não incomum é o uso do 'h' pra acentuar (e às vezes junto com o acento pra distinguir a qualidade). Alguns exemplos: véla, quérida, éh, Júh, sózinho, e mais.

Ainda temos outros acentos. O til (~) é usado apenas sobre A e O pra marcar vogal nasal. Pra indicar sílaba forte, não é muito preciso. Repare: maçã, cãozinho, coração, órgão. Temos também o acento grave (`), conhecido popularmente como "crase" no Brasil porque só aparece quando a preposição A (que quer dizer "(direção) para", "lugar") se junta com o artigo feminino A (pode aparecer também, no português europeu, pra indicar a qualidade da vogal sem indicar sílaba forte, como em prègar). Por fim, o trema (¨), eliminado em Portugal antes do que aqui, servia pra mostrar que o U em QU e GU era pra ser pronunciado (rápido, como W em inglês), mas ainda pode aparecer em nomes próprios, principalmente de origem alemã, como em Schütz. Sem o trema, várias palavras vão se mantendo apenas enquanto a memória coletiva durar, pois na palavra linguiça, não está expresso se GUI é /guj/, /gwi/ ou /gi/.

Bem, já falei bastante. Se você conhece o uso dos acentos em outras línguas, como em italiano e francês, sinta-se livre pra comentar e mostrar algum ponto que chamou sua atenção. Até mais.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Pra que acentuar? - Parte 1

Oi.

Vejo muitos comentários na internet onde as pessoas simplesmente digitam sem usar nada de acento. Será que elas não sabem quando usá-lo? Têm preguiça? Ou é desconfortável mesmo?

A gente sabe que a grande maioria dos produtos tecnológicos do nosso país são desenvolvidos por empresas estrangeiras, especialmente dos Estados Unidos ou alinhadas com esse mercado. Por o inglês praticamente não ter uso de acentos (chamados tecnicamente de diacríticos), as soluções para acentuação não têm sido das mais animadoras. Nos celulares, aqueles com o tecladinho que você tem que apertar 3 vezes pra ter a letra C, não consigo nem colocar um til ou um chapeuzinho. Até mesmo no iPhone, tão globalizado, você tem que segurar a letra por 1 segundo e arrastar até o acento desejado dentre umas 5 opções. Se tiver sorte, não precisará esperar outros 3 segundos por ter soltado antes de chegar no acento certo... Tudo isso enquanto alguém escrevendo em inglês já digitou umas 12 letras ou mais. A propósito, o blog Tap Tap Tap, de onde eu tirei essa imagem, contém 10 dicas interessantes de funções que talvez você nem saiba que o iPhone tinha.

No teclado do computador, a coisa é menos tensa, mas não menos estranha. Pra colocar acento, você tem que digitá-lo ANTES de digitar a letra em si. Você já viu alguém escrever à mão o acento antes da letra?? O mais natural é pensarmos primeiro na letra para depois pensar qual será o acento que deve ir sobre ela. Assim, muitos acabam desistindo de acentuar palavras, sendo prontamente tachados de ignorantes e preguiçosos. Por causa desse desconforto, alguns até nutrem uma antipatia pelos acentos.

Gostaria de expressar aqui que os acentos têm sua importância para os idiomas que os usam, mas até mesmo as marcas de produtos com público mais abrangente carecem da experiência diária de lidar com eles, para realmente ter noção de como elas é que estão ignorando a nossa dificuldade de acentuar com lógica e agilidade.

Agora, olhando de outro ângulo, nossos acentos são bem simples se comparados com marcas adicionais em outros escritos, como hebreu, hindi e as extensas combinações de traços do mandarim. Já parou pra imaginar os obstáculos tecnológicos que eles têm que atravessar pra digitar corretamente um texto? Nós poderíamos nos esforçar um pouquinho mais pra adicionar um mero tracinho, diante desse monumento tipográfico (talvez seria mais rápido pra eles, só que simplista demais, desenhar um bico e uma crista).

Poxa... Tem tanta coisa pra dizer sobre acentos que vou deixar pra continuar essa conversa em outro post.
Ate mais.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

xxxxx! Silêncio!

O título deste post mostra uma forma de escrever o som que fazemos pra alguém parar de fazer barulho. Forma, alías, nada comum, apesar de nós termos esse como um dos sons na letra X em português.

Na verdade, eu queria chamar a atenção para como o nosso idioma e outros representam esse som com letras.

Pra começar, esse som tem um símbolo próprio na Associação Fonética Internacional: ʃ (normalmente entre barras // ou entre colchetes []. Veja informações sobre esse fonema aqui). Esse símbolo é usado para indicar a pronúncia em vários dicionários pelo mundo todo, visto que é um som relativamente comum. Em muitas línguas, surgiu ao longo da história como uma modificação de algum outro som e, portanto, aparece com as mais variadas grafias. Em latim, ancestral do português, por exemplo, esse som não existe, sendo que a letra X era sempre usada para representar /ks/. Porém, na região ibérica, a letra X representou /ʃ/ historicamente (não sei bem qual a origem dessa tradição. Se alguém souber, pode colocar nos comentários). Em espanhol, agora X representa mais /(k)s/ e, onde representava o som mais gutural que veio depois do /ʃ/, foi quase totalmente substituído por J. Línguas indígenas da América ainda usam X semelhantemente em sua ortografia por influência dos colonizadores espanhóis e portugueses (algumas nem têm o som /ʃ/, como Xavante. Para mais informações, ver SAPhon).

Em português do Brasil, X representa quatro sons, como: /ʃ/ em mexe, /ks/ em fixo, /s/ em máximo e /z/ em exato. Além disso, a dupla CH também representa, até mais estavelmente, o som /ʃ/, exceto nas regiões de fronteira com países que falam espanhol, onde pode ser pronunciado /tʃ/ em algumas palavras de uso comum entre as duas línguas.
Na região norte de Portugal, existe uma fina diferenciação de som entre X, CH, C, Ç, Z, S, SS. O som /ʃ/ é mais estável apenas em X, mas ainda assim divide espaço com a pronúncia /ks/ e /z/.

Apesar de nós já estarmos bem acostumados com o "X de Xuxa", seu uso para representar /ʃ/ não é tão comum entre as línguas do mundo. Basta rolar a tabela no link do Wikipedia sobre esse som, em inglês, pra ver que outras letras são mais usadas. A seguir, veja quais as formas de grafia usadas por três línguas.

Italiano: Usa primariamente a combinação SC antes de E e I, mas SCI antes de A, O e U, por causa das duas pronúncias da letra C.

Inglês: Parece estável em SH, mas também surge em palavras com CH de origem francesa, em SI e TI + vogal, e também quando o som de S se funde com o som de Y, como em yes ou you (e esse mesmo som de "i rápido" esté em SI e TI).

Alemão: O som /ʃ/ (um pouquinho mais "escuro" que o nosso) recebe uma grafia estável, só que com três letras: SCH. Contudo, a letra S no início e antes de consoante também pode representar esse som. O curioso é que existe a escrita CH que tem um som característico, mas a letra C sozinha praticamente não é usada, e quando é, tem a pronúncia /ts/, igual à letra Z. Schnell poderia ser facilmente escrito cnell, mas, não sou eu quem vai decidir isso pra eles...

Lojban: Caracterizada pela lógica e pelo mínimo de ambiguidade, essa língua construída captou o potencial da letra C e a usou convenientemente para representar /ʃ/, fazendo par com J (mesmo som do nosso, como em janela, representado em AFI por /ʒ/).

Espero ter ajudado a refletir um pouco mais sobre as formas de representar um som na escrita, nos idiomas diferentes, com pensamentos diferentes. Tcau!