quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Opinião pessoal sobre o acordo ortográfico

Oi, o texto tá um pouco grande, mas leia, por favor.

Nos últimos dias de 2012 eu estava vendo o Jornal Nacional e passou a notícia de que o acordo ortográfico foi estendido (por mais 3 anos, se não me engano). Dei graças à Deus.
O problema do acordo ortográfico não está nas regras novas, mas na tentativa de manter unida a escrita do português entre todos os países denominados "lusófonos", principalmente o português do Brasil (PT-Br) e o português europeu (PT).

Se você comparar dois textos não informais, um em PT-Br e outro em PT, vai ver que a diferença nem é muita. Isso acontece porque a ortografia de muitas palavras foi mantida nos pontos onde faz diferença em uma das duas variedades, como em exceto, onde o brasileiro fala eSeto e o português eCH-Seto. Ao mesmo tempo, algumas especifidades foram eliminadas, como a diferença em PT-Br entre o nome Leia e o verbo leia, ou as indicações de pronúncias das consoantes "mudas" sobre a vogal anterior em PT, como em inje(c)ção, onde a vogal muda indicava regularmente a pronúncia mais aberta de E. Acho que os portugueses saíram perdendo mais com esse acordo do que nós.

O alvo do acordo ortográfico (providenciar conteúdo único internacionalmente) não tem tido muito êxito, considerando que muitos manuais de produtos, sites de internet e outros continuam distinguindo PT e PT-Br. Por que isso então? Porque uma língua não é só feita de ortografia. Tem maneiras próprias de formação de palavras, gramática, vocabulário, ordem da frase, empréstimo de outras línguas e, comparando PT e PT-Br, até falsos cognatos (PT cueca - PT-Br calcinha; PT idêntico - PT-Br similar).
Frases como "O meus dois sapato caiu, a sola" pode parecer muito louca para um português ou para um brasileiro que aprendeu na escola que em português as palavras tem que estar na ordem correta (ou seja, "A(s) sola(s) dos meus dois sapatos (ou par de?) caiu(íram)").

Por fim, penso que a língua portuguesa é dos portugueses. Eles não deveriam ter perdido as consoantes mudas se elas fazem falta na pronúncia geral da palavra. Eles devem continuar com os SC, XC (que os brasileiros acham tão sem sentido) porque faz diferença na pronúncia pra eles. Mas e nós, temos que abandonar a língua portuguesa? Não exatamente. O que devemos é criar uma língua escrita para representar essa variedade derivada do português que nós temos aqui no Brasil (não sendo mais chamada de portuguesa). Serão duas línguas com seus plenos direitos. Uma não vai ficar tratando mal a outra com acordos onde não se pode realmente tocar em muita coisa. Vamos seguir nosso caminho e deixar a língua deles se desenvolver também (e já está, a passos largos). Não vamos perder o carinho que temos por Portugal por causa disso.

Nossa língua é diferente o suficiente? Se não, como podemos ser mais diferentes, ter identidade própria? Mudar a ortografia, instalar inovações gramaticais, importar vocabulário simples das línguas indígenas brasileiras, especialmente o tupi, já tornaria nossa língua única rapidamente. É coisa para se pensar.

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