sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Por que PRAÇA é certo e PRACA é errado?

Desculpa decepcionar, mas não posso dar uma resposta exata à pergunta do título. O que eu posso é fazer você refletir um pouco.
Ao escrever PRACA...

Você quis dizer PRAÇA?
Esse tipo de escrita "das 26 letras e nada mais" é comum nas etiquetas de produtos de supermercado e lojas (quantas vezes comprei "pao linhaca" no mercado...). Não há preocupação com a pronúncia, mas com a relação visual que se faz com a palavra certa (se tivesse, os comerciantes teriam adaptado para LINHASSA, por exemplo). Ou seja, nessa linha de raciocínio, LINHASSA seria um erro grotesco, mas LINHACA "passa".

Ou quis dizer PLACA?
Provavelmente a mudança é por causa de uma tendência em misturar os sons de L e R brando (aquele de "arara". A partir daqui vou escrever 1R). De fato, a maioria das línguas indígenas no Brasil não têm som de L, pelo menos percebido diferentemente de 1R. Além disso, várias línguas africanas também não têm distinção entre L e 1R, só que com preferência por L (notavelmente o Kimbundu, da Angola, de onde vieram muitos escravos para o Brasil). Aí pode estar uma fonte de influência por trás dessas mudanças entre R e L, tão populares.

Tem mais?
Veja só essa curiosidade: a palavra PRAÇA pode ter sido considerada errada durante muito tempo na história da língua portuguesa. Sua origem vem do latim PLATEA, que também originou palavras parecidas em outras línguas: inglês PLACE (via francês), italiano PIAZZA, espanhol PLAZA, alemão PLATZ, holandês PLAATS, catalão PLASSA. Você deve ter notado que na maioria dos casos, o L se manteve, mas em português, mudou para R. Quem estaria "errado" então?

Essas tendências, esses "erros", é que fizeram línguas como francês, espanhol e português serem diferentes hoje. Alguns desvios foram e ainda são amenizados pelas lígnuas oficiais, mas muitos outros já foram abraçados bem antes de nós nascermos.

Pra terminar, deixo uma frase para reflexão: Quanto mais dialetos (quero dizer aqui variedades, sotaques) usam a mesma língua escrita, mais prescritiva (e não específica) ela deve ser.
Você concorda? Até que ponto? Deixe sua opinião aqui no blog.


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Recurso (pode requerer AFI, ver na página Recurso):

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